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domingo, 6 de março de 2016

Holly Holm vs Miesha Tate – strategy


            A uns meses Amanda Nunes desafiava Miesha, ao que tudo indica, a ex-campeã do Strikeforce não aceitou a luta, e realmente o risco que ela corria com este confronto era suficiente para deixá-la ainda mais longe do sonho no UFC.
            Nos esportes realmente interessantes o que ocorre é que melhores e “piores” podem não ser padrão, em se tratando de nível top, o que conta muito é o estilo de jogo, que pode combinar com uns e ser prejudicial a outros, por isso lembramos que a fórmula não existe, quando por uma série de questões Rousey vence Tate duas vezes, Rousey perde de forma brutal para Holm e de outra maneira, não menos chocante esta perde para Tate quer dizer simplesmente que a complexidade da união de técnica, habilidade e estratégia é que compõe seus resultados.
            Na transmissão do canal Combate acompanhei avidamente os comentários dos mestres, e mesmo antes de qualquer desfecho já os tinha como errados, mesmo que Miesha não vencesse, eu sabia que Artur Mariano e Kyra Gracie apesar de especialistas da prática de luta lhes carece a visão total do combate. Artur dizia que Miesha devia tentar algo e que Holly deveria ser mais agressiva, porém, se assim o fosse ambas não mereceriam as glórias que o esporte reserva. Ambas foram perfeitas, e até por isso a luta tendeu a certa chatice.
            A desafiante não baixou em nenhum momento aquela mão direita a proteger sua cabeça do terrível chute de perna esquerda da campeã, aquele chute que lhe rendeu o titulo. Imagino que sua postura e seu mapeamento no cage foram treinados incansavelmente, assim como a entrada de queda, possível apenas no segundo round, que porém lhe renderia um 10 a 8, e uma oportunidade que se deixada seria incrivelmente difícil de conseguir novamente, tanto é que foram precisos mais de dois rounds e meio para que novamente tivesse tal condição. Confesso que no segundo round em certo momento achei que tinha acabado. No corner seu namorado treinador lhe fala, “agora você viu que pode vencê-la”, de fato, aquele round deu fé à Cupcake, tanto que se manteve na estratégia, não caiu na loucura de outras oportunidades, quando saia trocando socos abertos, contra a multicampeã mundial de boxe isso era suicídio.
            Já a campeã não podia partir pra cima como fez com Ronda, pois ela não tinha controle da distancia, justamente porque tinha que defender as quedas daquela que não atacava de forma impensada como fez a judoca quando derrotada. Ela precisava esperar o momento e também manter certa estratégia.
            Amanda Nunes venceu sua adversária nesta mesma noite, foi instigada por Joe Rogan a comentar a luta pelo título, e claro, disse que torcia para Miesha, pois seria a grande oportunidade de se enfrentarem, pois nada mais normal de duas ex-campeãs que perderam de forma indiscutível não devam disputar o cinturão antes de fazerem ao menos outra luta, e a brasileira, que a muito vem galgando com sucesso sua campanha, que chegue sua hora.
            O espírito do esporte tem as suas belezas manifestas quando destrona o óbvio, e foi assim que ele escreveu mais um ponto surpresa na história. Simplesmente a estratégia visualmente não atrativa da desafiante apenas corroborou à sua genialidade, nos segundos que faltavam para o fim da luta, ela precisava daquilo, e com a garra e o amor por aquilo, por tudo que aquilo representava, ainda de pé com o pescoço da campeã em seus braços ela jamais soltaria aquela oportunidade, assim como sua adversária, a doce “filha do pastor”, a incrível artista marcial, com o espírito dos maiores mitos do esporte de combate, lutando pela sobrevivência no desespero, se atira ao chão, mas mesmo assim, Miesha não largou aquele pescoço, e esperando até o ultimo momento quando a existência se petrifica num ato de glória, não mais pessoal, mas de sentimento público, Holm espera, até sentir o ar ficando mais raro, então já não há saída nem corpo, como que num espasmo seus braços dançam no ar, ela já não é campeã, e seu corpo reconhece isso antes do cérebro, apagada, coberta pela fumaça da estratégia que abarca limites, Miesha Tate tem seu merecido título, consciente de que há melhores lutadoras, com técnicas talvez mais eficientes, mas sabendo que para receber o cinturão de campeã mundial é preciso muito mais que isso.
            Esperamos agora que Amanda Nunes use isso a seu favor, e que o UFC pense no esporte mais que no dinheiro na hora de dar o próximo passo. Assim já defini como será a próxima disputa da categoria, num evento do UFC numerado que teria na co-principal Holm e Rousey definindo a próxima desafiante, que enfrentaria a vencedora da luta principal, Tate e Nunes. Aguardemos!

Diego Marcell

6/3/16

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