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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fenomenologia desportiva

Diego Marcell

Fenômeno: uma de suas definições do dicionário é “individuo que sobressai por algum talento raro.” Porém quando analisamos fenômenos, os vemos não como algo divino, como digno de especiaria, mas como algo que sobressai, adquire seu destaque em meio ao comum.

Em se tratando de esporte, podemos analisá-lo mais claramente. Vitor “the phenom” Belfort, agraciado por seu talento particular como dádivas a este lutador, porém sujeito a limitações óbvias quando a explosão falha; já Anderson Silva, aquele que a principio não brilhou, portanto, um não fenomenal, mas que por motivos cercados de mistério, graduou-se além das expectativas para chegar a ser incomparável, dono de novidades que não se registram facilmente no manual de truques, mesmo no alto nível das competições.

No futebol o mundo conheceu o fenômeno Ronaldo, o fenômeno do marketing, da diplomacia e das arrancadas; mas não um ilimitado na criação, não um mestre, não um gênio, não um rei no sentido dos atributos que estes títulos se conceituam; um fenômeno que não se viu igual, agraciado por detalhes peculiares, mas limitados, atributos únicos, porém de pouca diversidade; um nível superior ao comum, um entre os maiores de todos os tempos, com certeza, mas exageradamente adulado agora que anuncia sua aposentadoria, noticia muito fresca para opiniões tão épicas, como por exemplo, a de Romário, que foi muito superior ao fenômeno, por não ser um, este, porém declarou Ronaldo o melhor da posição. Até quando durará esta paixão?

Um fenômeno que passou e um Ronaldo que se reinventou sem deixar de ser grande (e aqui não quero de jeito nenhum deixar margem a piada), mas que atributos de fenômeno já não se viam a mais de uma década, quando o fenômeno negativo das contusões os sepultaram.

Com certeza Mauro Silva não conseguia marcar um fenômeno de 20 anos, mas ele conseguiria muito menos marcar um Puskas cinqüentão. Kaká nunca jogou ao lado de ninguém melhor, porque jogou com aquele que surgiu no ápice do marketing de ostentação dos anos 90, que fabricou seu maior garoto propaganda, tudo por consequencia do meio, não tanto do esporte, este ficou em segundo plano na hora de eleger o seu, acabaram escolhendo por ele, que sem força, nem voz que ressoasse, acatou a decisão dos patrocinadores, da mídia e da máfia que talvez eleja Ronaldo o jogador da década de 90, que se levar em conta elementos paralelos, certamente será, mas se o futebol fosse ainda uma pelada de pés descalços e camisetas sem numeração e outros adereços, o fenômeno ficaria no máximo em terceiro lugar, já que a década gerou também majestades e gênios. Mas é que um fenômeno também é gerado por ser “acontecimento que se repete com determinada freqüência e que se verifica sempre sob determinadas condições.” Sendo assim, vem bem a calhar uma década como a de 90 ter num fenômeno seu maior representante no esporte.

Referência

28 Dicionário léxico e enciclopédico ilustrado da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Codex LTDA, 1970.

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